segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Iª FLIPIRI

A Festa Literária de Pirenópolis/GO, cidade histórica localizada a duas horas de Brasília/DF, foi mesmo uma festa da Literatura. Começando pela fala de abertura do escritor Ignácio de Loyola Brandão - Prêmio Jabuti 2008 (Melhor Livro de Ficção com o livro O Menino que Vendia Palavras) narrando algumas passagens de sua infância e a importância que duas de suas professoras tiveram em sua escolha pela literatura. Aliás, foi para elas que ele dedicou o prêmio Jabuti, contou-nos.

Pirenópolis reserva em suas ruelas o encanto todo especial da arquitetura em estilo colonial e dos vastos quintais que se espicham parecendo querer segurar os morros. Situada no sopé dos Montes Pereneus, a cidade reúne 42 cascatas ao seu redor, além de abrigar o único museu da Cavalhada do mundo. Nas lojinhas se pode adquirir pequenas cabeças de boi artesanais, coloridas, feitas em papier marcher. Lindas, de todos os tamanhos. Trouxe algumas pintadas em fundos de latas de refrigerante, feitas por Dona Elizabete da Adobe (loja de artesanato da Cristiane, gaúcha de Bagé), para presentear amigos.

Foram três dias de festa, começando com a visita de autores às escolas rurais. Já, no centro da cidade, as atividades foram distribuídas no Cinema Pereneu, Casa de Câmara e Cadeia (onde me apresentei), Salão Paroquial e no Coreto da praça. As atividades estiveram sempre lotadas de pessoas ansiosas pela oferta de contação de histórias, bate-papos com escritores, palestras, oficinas, filmes, teatro, dança, mímica e livros, muitos belos livros.

Um dos momentos mais emocionantes, com certeza, foi assistir ao documentário O engenho de Zé Lins, realizado por Vladimir Carvalho. O longa traça o perfil de José Lins do Rego, a partir de sua infância no ambiente que o imortalizou em romances como Menino de engenho, ligados ao ciclo da cana-de-acúcar, até a sua maturidade. Imperdível!

Ficamos hospedados na Pousada Casa Grande, um recanto silencioso e apaziguador, exceto quando fazíamos os saraus noturnos, quando entre um papo e outro, ouvíamos a voz doce do músico e escritor Tino Freitas dos Roedores de Livros (DF), as melodias infantis da escritora Alessandra Roscoe, as histórias narradas por Célia Madureira (Ratos de Biblioteca), contações de histórias com este que vos escreve e com o escritor Jonas Ribeiro. O ruído acontecia, mas era um ruído tão belo que acabava por conferir mais beleza ao silêncio característico do lugar.

A Casa de autores, selo criado pela Distribuidora Arco-ìris, levou alguns de seus autores para encontros com o leitor. Cada um com sua peculiaridade, suas histórias, seus jeitos e entusiasmo de estarem mergulhando no universo do escrever para crianças. Na sequência da semana postarei mais comentários e fotos com todos eles.

A Iª FLIPIRI foi uma iniciativa da Íris Borges, proprietária da Arco-ìris e Vice-presidente da CBL. É importante ressaltar o esforço sobrehumano com que Íris se jogou nessa iniciativa, pois plantar uma semente é sempre mais difícil do que colher os frutos. Mas ela o faz com mãos de jardineira habilidosa, experiente. Nós, que lá estivemos, ajudamos a cobrir com um bocadinho terra boa, terra fértil. Agora é esperar, pois vai florir, com certeza. E água não irá faltar, pois com 42 cascatas ao redor, é impossível que a semente não vingue.

Após o último café da manhã, com o salão de refeições em festa, na videira que leva aos apartamentos mamãe andorinha se aconchegou ao ninho para aquecer os ovos. Papai andorinha também andava por ali, recolhendo galhos, para suavizar e proteger a vida que venha a surgir dos ovos. Infelizmente a bateria de minha câmera fotográfica acabou e não pude registrar sua chegada, mas ele estava lá, ajudando a permitir que a Vida surja bela e forte. Esse momento único que presenciamos é outra metáfora da FLIPIRI, não é não?






Em abril, me contaram, acontece por lá a a Festa do Divino. Você vai perder? Informações aqui.

Um comentário:

Alessandra Roscoe disse...

Hermes,
Perdi o momento lindo da família Andorinha, mas ganhei tanto com nosso encontro nesta Flipiri. Já estou com saudade e repleta de idéias para novas histórias. Postei várias fotos lá no contoscantoseencantos.blogspot.com
Depois passe por lá pra matar as saudades!
Super beijo