segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Sala de criação de livros infantis

Minha sala de estar não foi feita apenas para estar na sala. Vamos criar juntos? Venha para a Sala de Criação com o escritor e ilustrador Hermes Bernardi Jr.!

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Diário de viagens

Julho começou bastante intenso de visitas à escolas. Estive no Colégio São José, de São Leopoldo, conversando com leitores de meus livros E um rinoceronte dobrado, Dez casas e um poste que Pedro fez, Planeta Caiqueria (todos da Editora Projeto) e Doido pra voar (Editora Artes e Ofícios). Além dos encontros pela manhã e à tarde, houve um almoço com o autor para pais e filhos. Foi muito lindo esse momento que ocorreu antes de eu visitar a exposição de trabalhos. Entre os trabalhos havia casas enormes e um poste que, sim, acendia a luz! Durante o almoço, as crianças disputaram sentar à mesa comigo para continuarmos as conversas sobre palavras, ilustrações, histórias. Achei muito bacana a ideia de almoçar com as famílias. Pude conhecer alguns pais de leitores e trocar algumas boas ideias sobre ler em casa, o que sempre recomendo que se faça desde quando os bebês estão no ventre. Tiramos fotos, comemos delícias, rimos e nos divertimos como se fôssemos uma grande família ligada pela Literatura. Obrigado à coordenação pedagógica, direção e professores, pelo lindo trabalho.

Na semana seguinte, estive na Feira do Livro do Colégio Metodista Americano, em Porto Alegre, quando conversei com crianças que, a partir da minha visita, iriam ler Planeta Caiqueria, editado pela Projeto e ilustrado por André Neves. Os pequenos tiraram perguntas incríveis de dentro de suas cacholas. Precisei me desdobrar em mil para tentar responder de forma que eles compreendessem, já que são crianças da educacão infantil e que recém estão se familiarizando com letras, algumas palavras e a compreensão de mundo. Nestes momento é que acabo dizendo coisas que acabarão me oportunizando escrever novas histórias, por que sou pego de surpresa, tendo que 'medir' as palavras, poetizar a resposta. Nesse instante viro criança e muitas histórias me veem para a barriga das ideias. Obrigado a todos, pelo carinho e pela oportunidade de me renovar com a acolhida.

Ontem, mais uma escola. Desta vez, em Novo Hamburgo, como autor homenageado da Feira do Livro da EMEF Anita Garibaldi. Muito generosas, as professoras da comissão de organização da Feira convidaram as crianças da EMEI Pica-pau, ali do lado, que veio com seus pequerruchos fofos e lindos. Um encontro pela manhã, outro à tarde. Um, com sol. O outro, com chuva. As crianças se apresentaram e em seguida conversei com elas, respondi perguntas e contei Vá dormir, princesa! Leram muitos dos meus livros e fizeram muitos trabalhos que estavam expostos por toda a escola. A escola estava virada numa galeria de Arte, pensei. Quando publicamos um livro nem sabemos que ali dentro cabem tantos mundos que só os leitores conseguem materializar com sua criatividade e disposição.

Ganhei vários presentes. De imediato, fico pensando em como e onde vou armazenar. Depois, em casa, mais calmo abro os embrulhos, observo, leio com atenção... e aí, bem, aí é só emoção.

À direção e professores da EMEF Anita e à direção da EMEI Pica-pau, ambas de Novo Hamburgo, meu muitíssimo obrigado!



Penso sempre que as crianças sabem exatamente o valor da reciprocidade. Querem nos dar algo por que demos algo a elas: uma história com a qual puderam se identificar, talvez. Outras, acho, que ao verem um adulto se dando o direito de ser verdadeiramente esquisito (o que pode parecer ridículo para alguns, para as crianças e também em mim é genuíno) querem se aproximar, querem fazer parte disso entregando aquele desenho mais bonito que já fizeram. É uma troca. Dou-lhes histórias e verdade, querem retribuir com o melhor que há nelas: sua produção, parte de suas histórias, sua emoção verdadeira. Obrigado, crianças!





Cada presente tem sua particularidade. Escolho mostrar detalhada e especialmente um deles por que se decidisse escrever sobre todos eles esse texto longo iria ficar mais longo ainda. 

A Linha da vida é um livro gigante (segue abaixo), artesanal, confeccionado pelo 4o. ano B com a ajuda da Professora Shanna Bortolotti Costa. Trata-se de 'alguns momentos da vida de Hermes Bernardi Jr.' Achei genial esse trabalho, além de artisticamente inspirador.





















   

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Um percurso ainda incerto


Iniciei a escrevê-lo em 2009. Desde então, vim realizando edições a partir de inúmeros leitores a quem confiava a leitura. Apresentei-o a duas editoras. Apesar de alguns elogios à escrita, ao estilo, à forma, e também ao conteúdo, não houve interesse em publicá-lo por entenderem que o público escolar não teria interesse em promover debate sobre alguns temas abordados na obra e que foram classificados como  'polêmicos". 

Um tanto frustrado, pois imagino que o papel das editoras é, também, o de promover debates e reflexões, mas compreendendo que, por vezes algum texto nosso não corresponda a linha editorial de algumas editoras, insisti uma vez mais quando a Editora Edelbra, em 2014, solicita-me um texto juvenil para publicá-lo ainda no primeiro semestre deste ano. Grata surpresa foi receber um aceite quase imediato, com algumas sugestões. Eu precisaria fazer algumas concessões. A algumas, acolhi. Fazer um livro é também fazer junto aos editores. Da orelha, feita gentilmente pela respeitadíssima especialista em Literatura da UFRGS, Professora Márcia Ivana de Lima e Silva, segue o texto na íntrega. Na edição, por necessidades de atender questões técnicas do projeto gráfico, o original sofreu mudanças.

Agradeço à Márcia, pela consistência e generosidade de sua orelha, que ouviu ao meu texto com atenção, jogando para muito além as palavras ainda incertas desta minha caminhada que se inicia na Literatura Juvenil.  

A marca da palavra


Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem/
Pra seguir viagem
Quando a noite vem

Tatuagem - Chico Buarque


Ao construir sua teoria para o texto literário, Mikhail Bakhtin estabelece a palavra como material privilegiado da vida humana, porque ela tem, ao mesmo tempo, o papel de instrumento de veiculação de idéias e o papel de material da vida interior, o que a torna o primeiro meio de expressão da consciência individual. A confluência dessas duas dimensões da palavra aflora nitidamente quando da leitura de Eu é um outro, primeira narrativa juvenil de Hermes Bernardi Jr., temos a palavra em estado profundo, através do relato de Eduardo sobre dúvidas e descobertas, próprias da idade, repleto de poesia e encantamento.
A estratégia de colocar Edu numa sessão de análise dá a possibilidade de trabalhar com a dupla dimensão da palavra: a palavra que presentifica sentimentos e veicula idéias e a palavra que recupera o passado. O leitor atento tem de acompanhar a narrativa, de modo a perceber o jogo de ação e memória, que se imbrica na história do jovem, construindo um enredo que é igualmente representativo do individual e do coletivo.
No processo de constituição de sua identidade, Eduardo busca as palavras que o definam, aquelas que se tornem sua marca e que também marquem o outro. Esse encontro, repleto de descobertas, de avanços e de recuos, imprime no sujeito, muito mais importante do que certezas, dúvidas, elemento essencial para que consiga ser um e outro, num movimento construtivo tanto individual quanto coletivamente. Acima de tudo, Eu é um outro é um libelo a favor do sujeito e da palavra lírica que alcança sua dimensão social.

Márcia Ivana de Lima e Silva
Professora do Instituto de Letras - UFRGS/RS