sexta-feira, 28 de maio de 2010

Resenha crítica de Celso Sisto - O emaranhado da maçaroca

Posto abaixo um trecho da resenha que o escritor Celso Sisto fez a respeito de meu livro O emaranhado da maçaroca, ilustrado por Renan Santos (Editora Larousse/2009). Disfrutem! 


(...)


Pedro é quem conta a história, que está repleta de diálogos, com um tom poético, com uma abundância de imagens atraentes e com ritmo, por vezes, de poesia em versos. O autor se vale de algumas boas metáforas: a do novelo, a da estátua de pedra, a do caramujo: Paulo Caramujo e Pedro Pedra saem de suas solidões e abandonam suas defesas para misturarem-se!

Há na história um belo contraponto: a estátua da praça. Na medida em que os meninos vão se revelando, vão se entendendo, vão desembolando seus fios e trançando suas vidas em aventuras partilhadas, vão também se distanciando da estátua.



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Da Letícia Wierzchowski pra mim

A última casa da minha rua (e uma rua cheia de casas)

Já escrevi aqui que moro numa rua pequena, porém apertada de prédios. Nem sempre foi assim - quando cheguei, prédios já havia, e foi num deles que viemos morar. Mas havia também casas e jardins floridos e, num terreno perto da esquina, uma roseira faceira que teimava em crescer suas flores para a calçada, ofertando-nos rosas diariamente. Há muito que aquela casa sumiu, sua roseira morreu e já não nos dá suas flores. No seu lugar, em meio ao barulho, cresce um prédio moderno. Agora temos só uma única casa aqui na rua; à espera de que um burocrata de uma grande incorporadora bata seu pesado martelo. Pois, infelizmente, as casas, hoje em dia, já não são mais casas: são terrenos onde crescerão os prováveis prédios de amanhã. Batido o martelo, aí sim virão bater as marretas e as retroescavadeiras gemerão outra vez nas nossas janelas, terra irá e terra virá, e mais um pedacinho desse nosso azul há de perder espaço para o concreto.


Pobre da minha rua, que anda tão cansada - o ruído constante das obras não a deixa mais dormir. Agora já não é mais uma rua pacata, nem ela, nem as ruas vizinhas: somos todos um grande canteiro de obras num bairro cada vez mais valorizado. Eu faço troça dessa mania brasileira de destruir tudo de roldão e depois dizer tolamente que é o progresso chegando, e fico a sonhar com uma ruazinha bem silenciosa, onde ainda os pássaros cantem nas suas árvores, uma rua de gramados e jogos de futebol repletos de gritos infantis. Mas essa rua, se existe, está bem longe daqui (ando a olhar com aumentado carinho a nossa sorridente zona sul). Eu fico sonhando com essa ruazinha calma, o meu filho mais velho sonha com uma casa onde possa ter um cachorro bem grande. Mas, por ora, seguimos aqui nesse apartamento onde fomos - e somos - tão felizes.

Porém, acabo de conhecer uma colorida ruazinha com dez casas. Dez casas e um poste que Pedro fez. Essa rua dos meus sonhos está num livro - o autor desse livro é o Hermes Bernardi Jr., e a editora é a Projeto. E em cada casa mora um bicho, uma música, uma quadrinha. Lá moram o boi da cara preta, o peixe vivo, a vaca amarela. Nossa senhora, quanto bicho! Muito bicho e muita casa sem nenhuma chave. Aliás, há uma chave, sim, que abre essa história e todos as outras histórias do mundo - a imaginação. Nessa rua, eu também quero morar.

Por Letícia Wierzchowski, Jornal Zero Hora - 27/05/2010. Segundo Caderno, pág 06.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Os dias que passam...

...tem sido de encontros com leitores em escolas, feiras, livrarias. Os dias que passam tem sido dedicados à ilustração de dois novos livros, a finalização de um texto que virá a ser livro, aos arremates da primeira adaptação sob encomenda para a Escala Educacional. Os dias que passam tem sido dedicados à criação de um projeto, a auxiliar no trabalho da Confraria das Letras em Braille, a contar histórias para adultos, a estabelecer novas parcerias para a AEILIJ (associação que coordeno no RS), escrever artigos e pareceres. Os dias que passam tem sido dedicados ao Grupo de Teatro Hora Vaga e à Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul. Os dias que passam tem sido de viagens literais, imagéticas e literárias. E assim, vou renovando o olhar e o pensamento, aprendendo sobre o outro, passeando pela vida sem ficar olhando através da janela, como se a vida fosse apenas uma paisagem bonita do lado de fora sem que minha mão e minha voz consigam alcançá-la. E nesse tanto de trabalho prazeroso, vou fazendo amigos, descobrindo as diferenças e a beleza dessas diferenças. Quanto mais vejo e ouço, mais me encanto. Quanto mais toco e sou tocado por tanta vida, mais ela me insufla de si mesma. E continuamos.

Imagem de Tandi Venter