terça-feira, 18 de setembro de 2007

Continue a história

de Hermes Bernardi Jr.

Aranha Aralice trabalhava
Costurava antenas e asas
Com tantas pernas e agulhas
Tantas quantas precisava

Durante seu bordado
Produzia o fio que tecia
Em pernas
Linhas e agulhas
A aranha se enredava
Se enrolava
Se espetava

Aralice
Toda esparadrapo
Aralice
Um trapo

Sua mãe, fiandeira experiente, suspensa num tanto de fio, sorriu:
— Aralice, eu já te disse: uma agulha de cada vez, cada uma para um lado
e assim, delicadamente, verá surgir o tramado.

E assim vivia Aralice
Com agulhas na cabeça
A cabeça enfiada em pernas
Pernas enfiadas na cabeça

Mas o negócio de Aralice era outro:

Antes que essa aranha maluqueça...

Cabisbaixa
Ela saiu pelo brejo
Pensando (coisa muito natural)
— Para que eu sirvo, afinal?

Nenhum comentário: